O que são exploits e como afetam a segurança da sua empresa?
Muito se fala sobre malwares e ataques cibernéticos feitos para o roubo de informações. Por outro lado, também é fundamental identificar as entradas desses ataques, como os exploits que exploram as vulnerabilidades dos sistemas.
Pode-se dizer que esses elementos são tão arriscados para as organizações quanto os próprios malwares que infectam os dispositivos. A única diferença, no entanto, é que eles trabalham em conjunto muitas vezes, não isoladamente.
Mas, afinal, é possível bloquear exploits? Se sim, quais os objetivos pelos quais os criminosos desenvolvem esses programas maliciosos, e como evitá-los? Separamos essas e outras informações nesse conteúdo, acompanhe!
O que são exploits?
São códigos de programas desenvolvidos para burlar sistemas, aproveitando-se de suas falhas.
Os exploits basicamente são meios utilizados para alcançar e adentrar sistemas a partir de falhas nos softwares ou hardwares, com intuitos comumente prejudiciais.
Assim, geralmente são programas associados aos malwares, que realizam funções pré-determinadas nos sistemas invadidos.
Os ataques de ransomware, por exemplo, podem ser resultado de falhas nos sistemas exploradas por esses códigos.
Por incrível que pareça, as falhas na segurança das aplicações são extremamente comuns no meio digital. O relatório State of Software Security (SOSS) indicou que cerca de 76% dos aplicativos da atualidade apresentam alguma vulnerabilidade.
No entanto, as atualizações desses sistemas são as grandes responsáveis pela segurança deles, sempre que os desenvolvedores detectam essas falhas.
Vale lembrar, também, que nem sempre uma vulnerabilidade representa a chance de exploits para os hackers. Em alguns casos, não é possível desenvolver códigos para explorar falhas, embora elas estejam presentes na aplicação.
Exploits vs Malware
Ambos são inimigos da segurança cibernética. No entanto, enquanto os malwares são códigos desenvolvidos para atuar de forma maliciosa nos sistemas invadidos, o exploit apenas possui o papel de adentrá-lo a partir de uma brecha.
Pode-se dizer que esse código é como a chave de acesso até o sistema da organização invadida. Enquanto isso, o malware é o programa mal-intencionado por si só, que pode bloquear, excluir ou danificar dados.
Como exploits se aproveitam de vulnerabilidades de sistemas?
Como agem de maneira mais discreta que os malwares, os exploits costumam obter permissões de acesso nos sistemas da organização.
Para isso, existem diversas formas de concessão, como, por exemplo, quando instalamos uma extensão no navegador.
O que ocorre é que esse sistema, gradualmente, abre oportunidades para então uma aplicação maliciosa acessar suas informações.
Na exploração de vulnerabilidades, o código pode explorar uma brecha em específico, ou um conjunto delas em cada aplicação. Dessa maneira, ao encontrar a vulnerabilidade necessária, o programa atua em parceria com outros.
Exemplos de vulnerabilidades mais comuns
As vulnerabilidades mais comuns para exploits geralmente se encontram em navegadores e sistemas operacionais. É por este motivo que as atualizações para esses programas são tão frequentes.
O Eternal Blue, por exemplo, foi um exploit descoberto pelo próprio NSA, em 2017, que acabou vazando para hackers.
A Microsoft corrigiu a falha de segurança, porém, embora tenha lançado um patch com correções, os sistemas que não realizaram a atualização sofreram danos imensos.
Do mesmo exploit da Eternal Blue, o ataque Wanna Cry passou a se espalhar, criptografando e bloqueando as máquinas invadidas. O resultado foi que, em mais de 150 países, 10.000 máquinas sofreram um ataque de ransomware.
A principal problemática desses modelos está em seu modo de invasão. Como fazem uso de brechas próprias dos sistemas, ferramentas de detecção e prevenção por si só, nem sempre são suficientes para a proteção do hardware e software.
Na verdade, a principal responsabilidade contra estes ataques está nas mãos dos desenvolvedores dos códigos. Como as falhas estão presentes nos próprios sistemas, dificilmente os usuários podem intervir contra exploits.
Entenda os tipos de exploits
Além de serem códigos direcionados para brechas específicas, os exploits são classificados pelos desenvolvedores entre conhecidos e desconhecidos. A seguir, você irá entender a principal diferença entre estes modelos:
Exploits conhecidos
São códigos já identificados e corrigidos pelos desenvolvedores. No geral, não costumam ser uma grande ameaça para os sistemas, pois as brechas são resolvidas em atualizações dos desenvolvedores.
O único perigo dos exploits conhecidos para o desenvolvedor envolve a demora do usuário para atualizar o sistema.
Também é importante não manter as versões de fábrica, no caso dos sistemas operacionais, pois ficam vulneráveis aos mesmos códigos.
Exploits de dia zero (desconhecidos)
Como o próprio nome se refere, os códigos dia zero são de muita preocupação para as equipes desenvolvedoras. Estes exploram brechas até então não identificadas ou solucionadas pelos softwares e hardwares, então são extremamente efetivos.
Nesse cenário, assim que identificados, as empresas investem esforços e lutam contra o tempo para corrigir as falhas.
Para as empresas, algumas ferramentas de segurança da informação e modelos como zero trust confiança zero podem ser formas de proteção efetivas enquanto não ocorrem atualizações.
Ataques com Kit de Exploit, o que são e como funcionam?
Um kit de exploit é utilizado por hackers, geralmente em sites maliciosos. Eles escaneiam completamente a máquina, com o intuito de encontrar vulnerabilidades e então atacá-las. São kits, justamente porque reúnem diversos códigos, capazes de explorar falhas em:
- extensões;
- aplicativos;
- navegadores;
- sistemas operacionais.
Tudo isso pode ser feito de maneira silenciosa, pois estes programas apresentam inúmeras funções para a detecção de vulnerabilidades.
Ao serem iniciados, eles apresentam uma função muito discreta no dispositivo, principalmente porque utilizam falhas da própria aplicação. Com funções e abordagens diferentes, são um grande desafio para os desenvolvedores.
Abaixo, separamos alguns kits comuns utilizados por hackers para a invasão de dispositivos:
RIG
Na atualidade, o kit exploit RIG é extremamente sofisticado na implementação de ataques. O modelo funciona mesmo em sites oficiais, espalhando exploits a partir de anúncios maliciosos.
O RIG ainda combina diferentes funcionalidades do dispositivo para explorar e adentrar os sistemas operacionais. Dessa maneira, torna-se muito mais difícil identificá-lo e bloquear suas atividades.
Vale ressaltar que, muitas vezes, os ataques por RIG utilizam criptografia de dados, e podem se desenvolver por trojans, em um modelo parecido com o ransomware.
Magnitude
Já este kit atua completamente sem arquivos, geralmente infectando a partir de redes malverstising e também alguns sites suspeitos. Além disso, trata-se de um código extremamente utilizado em ataques de ransomware.
A maior parte dos ataques realizados a partir do Magnitude foram registrados na Coreia do Sul. Atualmente encontra-se mais restrito para grupos fechados de hackers, embora ainda seja altamente efetivo contra alguns sistemas.
Neutrino
Esse kit foi extremamente popular em 2016, e infectou os usuários com uma imensa quantidade de malwares. A ferramenta também já foi a mais popular entre os cibercriminosos, quando passou a ser restrita no mesmo ano.
Mesmo assim, o kit já realizou diversas tentativas de invasão contra o Microsoft Edge, em 2017, apesar de atualmente ser considerado encerrado.
Como qualquer outro exploit conhecido, ainda é necessário que os desenvolvedores mantenham-se atentos às vulnerabilidades desse kit.
Dessa maneira, cibercriminosos que ainda o utilizam não encontram sucesso nas tentativas de invasão.
Exemplos recentes de exploits descobertos
Além do Eternal Blue e Wanna Cry que afetaram mais de 10.000 dispositivos com os exploits, outros casos se destacam pelas invasões realizadas, como:
- Microsoft Exchange: apesar dos esforços da empresa contra ataques de dia zero, muitos usuários demoram para atualizar seus sistemas. Nesse exploit, mesmo após a atualização, os números de ataques permaneceram crescentes.
- Microsoft SMBGhost: utilizou protocolos semelhantes ao ataque Wanna Cry, terminando por infectar cerca de 100.000 máquinas. O prejuízo desse exploit foi calculado em cerca de R$1 bilhão, até 2020.
- VMware Workspace ONE Access: esse código realizou comandos mesmo em sistemas autenticados por senha. Isso foi preocupante, demandando combinações mais complexas e esforços constantes dos desenvolvedores para impedir brechas que exponham as chaves de acesso.
Confira também: Gestão de identidade e acesso: como planejar e implementar!
Proteção contra exploits: o que sua empresa deve fazer?
Apesar de os ataques de exploits serem resultado, principalmente de falhas nas aplicações e sistemas, isso não significa que a organização está de mãos atadas no momento de se proteger.
Isso porque, na prática, os danos mais expressivos das invasões por exploits ocorrem pelos malwares e outros arquivos maliciosos. Assim, seguir algumas medidas de segurança pode ser fundamental para impedir danos por esses códigos:
Mantenha o sistema sempre atualizado
Com a transformação digital nas empresas, muitas vezes algumas ferramentas podem ter atualizações que passam despercebidas. Isso favorece a exposição de brechas e prejudica a segurança dos sistemas envolvidos.
Por isso, é fundamental agendar atualizações e, no que diz respeito ao sistema operacional, realizá-las o mais rápido possível. É a forma mais eficiente de evitar que exploits conhecidos afetem os sistemas da organização.
Contrate soluções avançadas de cybersegurança
Atualmente, existem métodos muito mais eficientes na proteção contra malwares, mesmo que sejam provenientes de exploits.
É nesse cenário que contratar métodos mais modernos de proteção faz toda a diferença para evitar a execução destes códigos nos sistemas.
Reduza a superfície de ataque
Os dispositivos e pessoas podem ser alvos de ataques cibernéticos. No caso dos exploits, muitos sistemas podem ampliar a superfície de ataque para criminosos, já que terão mais chances de explorar vulnerabilidades.
Quanto às pessoas, os ataques de phishing podem ser muito mais comuns se todos os usuários contarem com acessos privilegiados na empresa.
Uma solução, além da implementação do modelo zero trust e de métodos com base na LGPD, é a migração para a nuvem.
Assim, o acesso aos dispositivos pode ser centralizado, permitindo um monitoramento mais próximo de cada uma das máquinas.
Limite uso de aplicativos vulneráveis
Vale acompanhar também as vulnerabilidades de aplicações tradicionalmente mais frágeis aos exploits. A exemplo, os navegadores e extensões costumam representar um risco muito maior do que ferramentas em nuvem ou nativas.
Dessa maneira, restringir a utilização de elementos que possam facilitar nos ataques desse gênero impede que o sistema permaneça exposto por um longo período.
Sobre atualizações, vale o mesmo: é essencial que a empresa esteja sempre atenta, especialmente no que se refere aos programas mencionados.
Sempre que surgem atualizações de vulnerabilidades, significa que provavelmente um exploit invadiu determinada funcionalidade. Dessa maneira, a atualização é de extrema urgência, antes de iniciar as demais funções do dia a dia.
Controle de acesso para unidades de rede
Modificar o acesso dos dispositivos na rede utilizada pode diminuir as chances de que um ataque se espalhe pelos outros sistemas.
No caso de alguns exploits, os malwares podem acabar por se multiplicar, com o intuito de roubar informações presentes na rede.
Por isso, controlar acessos e isolar os dispositivos é uma maneira de dificultar que esses programas se espalhem na empresa.
Vale ressaltar, ainda, que o controle de acesso também pode bloquear sites suspeitos para alguns usuários. Dessa forma, caso um colaborador leigo acesse um site que poderia conter exploits, o próprio sistema impede o progresso do ataque.
Sistema de prevenção de Intrusão (IPS)
Associado às demais ações, o IPS (Sistema de prevenção e intrusão) pode ser de muita valia no bloqueio de malwares que adentram o sistema partindo de exploits.
Isso porque, embora nem sempre possa bloquear os kits, o IPS é capaz de notificar sempre que códigos suspeitos forem identificados.
Não só isso, mas essa funcionalidade também pode agir de forma automática se identificar determinados programas.
Como consequência, antes que o ataque contra o dispositivo seja finalizado, o IPS o bloqueia e impede a utilização de dados por cibercriminosos.
Conclusão
Exploits são códigos que, basicamente, “destrancam” as portas dos sistemas para a entrada de invasores — geralmente mal-intencionados.
Na verdade, o principal problema desse programa é que ele pode se manifestar de forma silenciosa no dispositivo. Quando o usuário se dá conta, geralmente já existem malwares e até mesmo a criptografia de dados no sistema.
Para erradicar este problema e não ter de arcar com arquivos maliciosos manualmente, é fundamental contar com uma estrutura de proteção na empresa.
Além disso, é fundamental adotar um bom gerenciamento de serviços de TI, que seja capaz de monitorar e atualizar constantemente os sistemas. Os dados da organização não precisam correr riscos de roubo!